Brasileira cria filtro de água com energia solar que mata bactérias e recebe prêmio da ONU

Ana Luísa e seu purificador de água premiado. Foto: Cedida

A baiana Anna Luísa Beserra só tem 22 anos, mas já coleciona uma série de conquistas. Do reconhecimento em olimpíadas de física, biologia, astronomia até premiações ligadas à inovação. E principalmente pelo Aqualuz, um purificador de água que usa os raios solares para matar bactérias e torná-la potável.

Graças à invenção, ela foi a primeira brasileira a vencer o prêmio da ONU voltado a jovens com propostas para o meio ambiente. A tecnologia de baixo custo já foi testada e está em fase de produto. Atualmente 53 famílias e cerca de 265 pessoas usam a solução.

“Ser mulher, jovem, nordestina é desafiador. Reconhecimentos como esse são o que me dão força. Às vezes passamos por situações de não ser levada a sério. Mas isso nos deixa mais fortes”, conta Beserra, que se formou no ano passado em biotecnologia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), e agora toca a sua startup SWD (Safe Drinking Water for All) com o Aqualuz.

Inovadora aos 15

Beserra conta que sempre foi apaixonada pela ciência e seu poder de transformar realidades. Quando fez 15 anos, em vez de pedir uma festa, pediu aos pais que ganhasse de presente um microscópio. A ideia do filtro purificador solar surgiu quando Beserra tinha 15 anos e estava no ensino médio. Ao tomar conhecimento do programa Jovem Cientista, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), decidiu participar. O tema naquele ano [2013] era a água.

Com a ajuda de seu pai, começou a pesquisar e montar protótipos simples dentro das condições que conseguia. Mas a ideia do Aqualuz só avançou mesmo durante a graduação na UFBA, há cerca de três anos. A ideia do Aqualuz saiu do papel e trata-se de uma tecnologia criada para purificar água de cisternas (que armazenam a água de chuva).

Ele é um reservatório criado com uma superfície de vidro que funciona acoplado à cisterna. A água armazenada nela é bombeada até o dispositivo e o processo de limpeza acontece automaticamente ao receber os raios solares. “Não usamos placas [que captam a energia do sol]. A passagem da luz do sol é direta na água. A combinação da radiação com o sistema de calor consegue matar as bactérias”, explica Beserra.

O Agualuz tem um indicador que avisa quando o processo termina. O morador pode então pegar a água com a ajuda de uma torneira integrada ao reservatório. Quem usa diz que o acesso à água limpa ficou mais fácil. A manutenção também. Com a tecnologia, diz ela, a água demora de duas a seis horas para ficar potável. Outras soluções demoram de seis a até 48 horas.

Agora que terminou a faculdade, Beserra se dedica em tempo integral à sua startup. Sua invenção está na décima versão e seu objetivo é que órgãos governamentais possam usá-la para ajudar os brasileiros que vivem em regiões de seca, principalmente no semiárido nordestino.

“A gente pode mudar o mundo de várias formas. E a ciência e a tecnologia são algumas delas”. Beserra recebeu em outubro o prêmio na categoria de criatividade pela iniciativa “Mude o Mundo Como uma Menina”, criada pelo Força Meninas, negócio de impacto social que visa capacitar garotas e adolescentes a desenvolverem suas habilidades, com patrocínio do Banco Original.

Fonte: Uol

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