Chocolate faz bem para o coração, sugere estudo. Veja dicas sobre qual quantidade consumir e os tipos mais saudáveis

Segundo nutricionista, é o acréscimo exagerado de substâncias para dar sabor que deixa o chocolate menos saudável.

Sempre quando alguém começa uma nova dieta, a primeira iniciativa é cortar doces da alimentação, principalmente o chocolate. Mas o alimento pode trazer benefícios para a saúde e ser consumido pelo menos uma vez ao dia, segundo os nutricionistas.

Uma pesquisa publicada pelo “European Journal of Preventive Cardiology” sugere que comer chocolate pelo menos uma vez por semana reduz o risco de contrair doenças cardíacas. Os pesquisadores examinaram a associação entre o consumo do produto e o bloqueio das artérias coronárias.

Durante cerca de nove anos, 14.043 participantes desenvolveram doença arterial coronariana e 4.667 sofreram um ataque cardíaco. Os pesquisadores compararam o consumo de chocolate dos participantes e chegaram a conclusão de que quem consumiu o alimento mais de uma vez por semana teve o risco de doenças arteriais coronarianas reduzido em 8%.

A análise foi feita com 336.289 participantes e conduzida pelo Baylor College of Medicine, de Houston (EUA). Chayakrit Krittanawong, responsável pela pesquisa, disse que o estudo não contemplou quantidades e tipos de chocolate que seriam mais saudáveis e disse que seriam necessários estudos mais específicos.

A nutricionista Daniela Cierro Ros, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), afirma que o chocolate amargo, com a quantidade correta de cacau na composição, não representa nenhum perigo para a saúde, não atrapalha na dieta e pode ajudar no bom funcionamento cardíaco.

O chocolate é produzido a partir da semente do cacau e, na fase de industrialização, o produto recebe substâncias como açúcar e leite para dar sabor. Segundo a nutricionista, é justamente o acréscimo exagerado de substâncias para dar sabor que pode deixar o chocolate menos saudável para consumo.

Recomendado é consumir até 25 gramas por dia de chocolate com propriedade acima de 70%

Parte dos chocolates encontrados no comércio brasileiro são alimentos ultraprocessados – produzidos com a adição de ingredientes e substâncias sintetizadas em laboratório a partir de alimentos e de outras fontes orgânicas como petróleo e carvão.

Para nutricionista, acréscimo exagerado de substâncias para dar sabor é o que deixa consumo de chocolate menos saudável. — Foto: John Loo/Flickr - Creative Commons by 2.0

O cacau é uma das maiores fontes de polifenóis, que são conhecidos pela potente atividade antioxidante na prevenção da formação de radicais livres, levando à diminuição de riscos de doenças cardiovasculares e de câncer.

Além disso, o alimento protege o cérebro e pode contribuir para a redução do colesterol ruim e da pressão arterial. A manteiga de cacau, extraída da semente do fruto do cacaueiro, é uma gordura vegetal.

Porcentagem de cacau importa

Sim, o chocolate amargo rico em cacau é saudável. “Quando falamos dos benefícios do cacau, ele precisa estar disponibilizado em maior quantidade no chocolate. Para o alimento se tornar funcional, saudável, é necessário ser composto por 70% a 90% de cacau. No entanto, esse tipo de chocolate é mais caro que o normal”, afirma Cierro.

Curiosidade: achocolatados não têm cacau

“Quando comparamos chocolate ao leite e chocolate amargo, temos uma diferença de preço. Uma alternativa é comparar preços, pesquisar e até mesmo verificar matéria-prima de barras em grande quantidade e transformar em bombom para o consumo. Podemos pensar em um consumo que valorize qualidade e não quantidade”.

Chocolates com teor abaixo desse valor são acrescidos de outros ingredientes, que na maioria das vezes são açúcares, gorduras e conservantes. A especialista diz que o recomendado é consumir até 25 gramas por dia de chocolate com propriedade acima de 70%.

“O chocolate amargo é o produto com a maior quantidade de cacau. Mas fique atento aqueles que somente se denominam como amargo. Nesses casos a porcentagem de cacau encontrada é de cerca de 25%“.

Qual a diferença entre os tipos de chocolate?

Segundo dados da Asbran, o chocolate ao leite possui a maior quantidade de gordura e açúcar, ingredientes utilizados para produzir sabor e uma concentração de menos de 40% de cacau. O alimento possui cerca de 27 gramas de gorduras totais (saturadas, monoinsaturadas e poliinsaturada) a cada 100 gramas do produto, de acordo com o índice de referência da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco).

A Taco, coordenado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (NEPA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), avalia alimentos de diferentes marcas para indicar a quantidade de componentes que cada produto deve ter na composição.

O consumo de forma exagerada pode ocasionar desequilíbrio na alimentação e outros problemas de saúde.

Já o chocolate branco possui gordura hidrogenada extraído da manteiga de cacau. Ele não possui cacau em pó, por conta disso especialistas não recomendam o consumo frequente.

Achocolatados também são produtos que não têm cacau. E esse tipo de produto virou algo sempre presente na alimentação dos brasileiros. Geralmente, eles são uma mistura de aditivos com base de leite e conservantes quase sempre derivados do petróleo”, afirma a especialista.

Como identificar a quantidade de cacau existente no chocolate?

“O grande problema sobre o chocolate são as informações que o consumidor conhece sobre ele. Por isso, é importante ler a lista de ingredientes existentes no produto. Geralmente, essa lista é feita de forma decrescente, o primeiro item com a maior quantidade de substâncias e o último ingrediente com a menor quantidade”, afirma a nutricionista.

“Quando for comprar um chocolate, verifique se o cacau é o primeiro item nos ingredientes e qual a porcentagem da composição.”

Em fevereiro deste ano, a Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC) do Senado acatou em definitivo um projeto de lei que estabelece percentuais mínimos de cacau existente em chocolates e derivados.

O projeto do senador Zequinha Marinho (PSC-PA) estabelece um percentual mínimo de 35% de cacau no chocolate amargo ou meio amargo; 32% de cacau em chocolate em pó; 25% de cacau no chocolate ao leite e 20% de manteiga de cacau no chocolate branco.

Fonte: G1/Bem Estar.

Deixe um comentário