Quatro milhões de brasileiras nunca foram ao ginecologista, aponta pesquisa

Quatro milhões de brasileiras nunca foram ao ginecologista, aponta pesquisa

Ausência de mulheres em consulta ginecológica preocupa especialistas, que alertam sobre a importância de se consultar regularmente.

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Qual foi a última vez em que você se consultou com um médico ginecologista? Costuma fazer exames regularmente? As respostas a perguntas como essas revelaram uma situação alarmante entre o público feminino, de acordo com a pesquisa “Expectativa da mulher brasileira sobre sua vida sexual e reprodutiva: as relações dos ginecologistas e obstetras com suas pacientes”, realizada pelo Datafolha em parceria com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

De acordo com os resultados, pelo menos 5,6 milhões de brasileiras não têm o costume de realizar consultas ginecológicas regularmente e 4 milhões nunca procuraram um médico ginecologista. A pesquisa apontou ainda que 16,2 milhões de mulheres não passam por uma consulta ginecológica há mais de um ano.

A pesquisa, que entrevistou 1.089 mulheres de diferentes idades, classes sociais e regiões brasileiras, chama atenção também para a procura tardia do auxílio médico especializado. O levantamento revela que a média de idade para a primeira vez é de 20 anos e os motivos foram a necessidade de esclarecer algum problema ginecológico (20%), a gravidez ou a suspeita dela (19%) e a prevenção (54%). Em geral, quem as motivou a procurar orientação médica foram mulheres próximas (57%), a mãe (44%) ou mesmo por iniciativa própria (24%).

Esses números preocupam especialistas como Ivete Matias, ginecologista, obstetra e membro da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do RN (Sogorn). “A consulta com ginecologista é extremamente importante para a manutenção da saúde feminina, sendo responsável pela prevenção e diagnóstico de diversas doenças como câncer de mama e DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e também pela promoção da qualidade de vida das mulheres. A maioria das doenças, quando descobertas na fase inicial, têm mais chances de serem diagnosticadas e tratadas com maior eficácia. De acordo com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o melhor momento para levar a menina ao ginecologista é a partir da primeira menstruação”, reforça.

No entanto, a situação pode ser ainda mais preocupante entre aquelas que nunca se consultaram, como é o caso da estudante universitária Jéssica Barbosa, de 22 anos: “Mesmo após iniciar minha vida sexual, ainda não procurei um consultório ginecológico. Por não ter tido sinal do meu corpo que tenho algum problema, priorizei outras coisas e acabei adiando a visita. Considero importante sim, mas ainda não é um caso de urgência.”

Embora não frequentem o ginecologista, a pesquisa aponta também que 98% das entrevistadas têm consciência da importância de se consultar regularmente e listam diversas razões para explicar a ausência: 31% das entrevistadas afirmaram que não precisam ir, pois estão com a vida saudável, outros motivos como não haver especialistas onde residem (12%), vergonha (11%) ou falta de tempo (8%) também entraram na lista de justificativas.

Por outro lado, 22% afirmaram que não consideram importante ou necessário, o que vai contra a orientação da Dra Ivete, que enfatiza: “a recomendação é que toda mulher realize consulta ginecológica como uma rotina em sua vida, pelo menos uma vez ao ano. A visita regular ao médico ginecologista desde o início da vida reprodutiva da mulher é a única maneira de detectar doenças, uma vez que muitas delas não se mostram através de sintomas visivelmente perceptíveis.”

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