Pílulas da Merck e Pfizer para tratar casos de Covid-19 não substituem as vacinas, alertam especialistas
Farmacêuticas anunciaram nesta semana que seus comprimidos experimentais contra a Covid-19 reduziram hospitalizações e mortes pela doença.
As farmacêuticas americanas Merck e Pfizer anunciaram, nesta semana, que seus comprimidos experimentais contra a Covid-19 reduziram hospitalizações e mortes pela doença. Os remédios ainda NÃO estão disponíveis na maior parte do mundo, inclusive no Brasil.
Apesar dos resultados serem promissores no combate à pandemia, especialistas ouvidos pelo g1 alertam que os remédios não substituem as vacinas.
“A vacina é ferramenta hoje de controle da pandemia. Nada supera a vacina”, disse Renato Kfouri, pediatra e infectologista, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O próprio diretor da Pfizer, Albert Bourla, reforçou a importância da vacinação em entrevista à CNBC nesta sexta (5):
“O fato de termos um tratamento não é de jeito nenhum razão para não tomarmos a vacina. Na verdade, devemos tomar a vacina”, disse Bourla. “Infelizmente, alguns contrairão a doença [mesmo vacinados]”, explicou o diretor. “O comprimido é justamente para esses casos.”
Vacina X medicamento
Um dos principais argumentos utilizados pelos especialistas é que, embora o medicamento e a vacina sejam eficazes, são estratégias utilizadas em momentos distintos. Enquanto a vacina funciona para a prevenção, o medicamento é utilizado para o tratamento – ou seja, após a pessoa contrair a doença.
“A vacina atua na prevenção da infecção da doença e do agravamento. Ela atua numa etapa anterior”, explica a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
O medicamento, por outro lado, é utilizado no tratamento, nos primeiros dias após a infecção para diminuir as chances da doença evoluir e levar a hospitalização ou, em casos extremos, morte.
Os dois métodos são importantes no combate a Covid-19 porque são complementares, mas não são equivalentes – um não substitui o outro.
De acordo com Maciel, é preciso ter as duas estratégias para controlar a proliferação da doença porque a vacina, apesar de ser uma ação individual, tem um forte impacto no coletivo, uma vez que quanto mais pessoas vacinadas, menor será a transmissão do vírus.
Essa ação dupla não é exclusiva do combate ao coronavírus. O mesmo acontece com outras doenças, como a tuberculose e a hepatite B, que possuem tanto vacinas para a prevenção como também medicamentos em caso de contágio.
Fonte: G1.