RN é o terceiro estado com mais casos de câncer de pele do Nordeste; saiba como prevenir

RN é o terceiro estado com mais casos de câncer de pele do Nordeste; saiba como prevenir
Protetor solar é item essencial. — Foto: Divulgação via G1 RN
Protetor solar é item essencial. — Foto: Divulgação via G1 RN

O Rio Grande do Norte é o terceiro estado que mais registra casos de câncer de pele no Nordeste. O levantamento foi feito pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e divulgado neste início de mês para alertar sobre o Dezembro Laranja, uma campanha de conscientização em relação à doença.

Os dados da SBD apontam que o RN registrou 4.879 casos de câncer de pele entre os anos de 2013 e 2021. Apenas Bahia, com 6.222, e Ceará, com 6.206, tiveram mais diagnósticos da enfermidade na região.

No Brasil, o Rio Grande do Norte ocupa o 10º lugar no ranking.

Os casos têm aumentado nos últimos anos no estado, ficando acima de 1 mil confirmados entre 2018 e 2020 e tendo 608 confirmados em 2021.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia / Gráfico: G1 RN
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia / Gráfico: G1 RN

“O índice tem subido justamente porque o hábito de se expor ao sol, de ficar bronzeado, aumentou no decorrer dos anos. A gente percebeu o aumento da incidência justamente pelo comportamento da população em relação ao sol”, explicou a médica Tatiana Blumetti, assessora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD e uma das coordenadoras do Dezembro Laranja.

“Hoje, o bronzeado é sinal de saúde. Então, as pessoas relacionam a exposição solar a ficar bronzeado, como algo positivo. Na verdade, isso acarreta maior exposição solar e os riscos se elevam na pessoa”, critica.

Os dados do Sociedade Brasileira de Dermatologia ainda apontam que 567 pessoas morreram da doença entre 2013 e 2020.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia / Gráfico: G1 RN | Mortes nesses anos podem ser associadas a pessoas que tiverem o diagnóstico em anos anteriores.
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia / Gráfico: G1 RN | Mortes nesses anos podem ser associadas a pessoas que tiverem o diagnóstico em anos anteriores.

A especialista explica ainda que os números de casos desses últimos dois anos possivelmente estão reprimidos diante do cenário de pandemia, o que fez muitos pacientes não frequentarem os dermatologistas, e que o momento é de conscientização com a melhora nos índices da pandemia e o retorno de muitas pessoas à exposição ao sol.

“Esse risco é grande. Está todo mundo sem tomar sol há quase dois anos. A pele completamente desprotegida. Todo mundo vai querer aproveitar o verão, que não pôde aproveitar o ano passado, disse.

“Então é um momento de conscientização e de cuidados e das pessoas também voltarem aos seus dermatologistas para fazerem avaliação da pele”.

Riscos

No Nordeste, o risco de casos se dá por conta da maior incidência dos raios ultravioletas, explica a médica dermatologista. “O Nordeste está sob o maior risco porque tem latitudes mais baixas, é mais próximo da Linha do Equador. Então, os raios ultravioletas incidem de modo mais direto na pele”.

Apesar disso, Tatiana Blumetti explica que uma quantidade maior ou menor de casos em cada localidade depende de outros fatores, como a predominância da cor de pele da população, por exemplo. “Uma pele mais resistente, mais morena, tem menos risco do que uma pessoa mais branquinha, que se queima toda hora. Então, essas taxas são com essas somatórias desses vetores”.

Ela reforça ainda que no Brasil inteiro há altos índices de ultravioleta o ano inteiro. “E particularmente no verão nós temos os índices mais altos, o que requer maior cuidado da população”.

“Todos estão sob risco e justamente por causa disso que a campanha também é feita nessa época do ano. Essa exposição ao ultravioleta aumenta o risco de câncer de pele. É justamente ela que causa alteração no DNA da pele e causa o câncer de pele”.

Prevenção

A dermatologista diz que a melhor forma de se prevenir é evitar exposição solar, principalmente numa faixa de horário entre 9h ou 10h até 15h ou 16h.

Caso não seja possível, há as “proteções secundárias”, com ela define. “O protetor solar, as roupas com proteção UV [ultravioleta], chapéu… o ideal é que você evite a exposição direta e, se acontecer essa exposição, você está bem protegido para reduzir a incidência de ultravioleta na sua pele”.

Esse cuidado é preciso ter desde criança. O câncer é mais propício em pessoas mais velhas exatamente pelo acumulado do ultravioleta na pele ao longo dos anos.

“A maior parte dos cânceres de pele são causados pelo acúmulo do efeito ultravioleta. Então, quanto mais velho você fica, maior a chance de você ter câncer de pele. Eles podem acontecer na infância também, na adolescência, e principalmente quando eles têm uma história familiar mais importante. E o câncer de pele mais grave, que é o melanoma, o pico de incidência dele é aos 50 anos”, explica.

“Mas todas as pessoas estão sob risco de desenvolver o melanoma até em idades mais jovens. Essa exposição, as queimaduras solares que acontecem durante a nossa infância e adolescência, é que realmente ditam o nosso risco de ter câncer de pele na vida adulta. Então é muito importante a proteção das crianças, dos adolescentes, porque eles eles são marcadores de risco para ter câncer de pele na vida adulta”.

Sinais

A médica Tatiana Blumetti explica que o câncer de pele pode se apresentar de formas diferentes. Por isso, é preciso estar atento ao próprio corpo.

Exposição ao sol deve ser evitada sempre que possível. — Foto: Kristaps Grundsteins / Unsplash / Divulgação via G1 RN
Exposição ao sol deve ser evitada sempre que possível. — Foto: Kristaps Grundsteins / Unsplash / Divulgação via G1 RN

“Os cânceres de pele que não são melanomas se apresentam habitualmente como feridas ou sinais que podem ser claros, mais rosados ou escuros na pele. Esses geralmente são os primeiros sinais de de suspeita de um câncer de pele”, explica.

“Uma ferida que não cicatriza, que demora mais de 30 dias pra cicatrizar e persiste, ou cicatriza e volta a abrir novamente. Essa é uma ferida suspeita. Uma bolinha que apareça na pele, que surgiu repentinamente”.

Já os melanomas, ela explica, “são aquelas pintas ou sinais marrons ou pretos que podem se assemelhar a pintas no começo e apresentam crescimento, ficam assimétrica, com bordas irregulares, múltiplas cores, diâmetro maior que 5 mm. E que se percebe que ela surgiu, é nova, ou era uma pinta que já tinha no corpo, mas mudou”.

Diagnóstico precoce

A médica explica ainda que o diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz. “Extremamente importante o diagnóstico precoce pro câncer de pele que não é um melanoma para evitar justamente cirurgias extensas, mutilações”, pontua.

“Já o melanoma é muito importante o diagnóstico precoce porque ele que indica a chance da pessoa não ter consequências desse câncer de pele que é muito grave. Ele pode dar metástase [quando o tumor se espalha pelo corpo]. Então, o que muda a história do paciente é o diagnóstico precoce”.

Fonte: G1 RN.

Deixe um comentário