Dor na panturrilha: incômodo pode ser sinal de diversas patologias

Dor na panturrilha: incômodo pode ser sinal de diversas patologias
Foto: iStock via UOL VivaBem
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A panturrilha, conhecida popularmente como batata da perna, é uma região composta por músculos, tendões, veias e artérias, cuja função é a de manter o equilíbrio e a postura e auxiliar no andar. Além disso, ajuda na circulação sanguínea ao bombear o sangue venoso e impulsioná-lo de volta para o coração.

A dor nessa região da perna é um sintoma comum, sobretudo durante ou depois de atividade física. No entanto, o desconforto pode ser causado não somente por lesões musculares, mas por diversas patologias.

Entre elas estão problemas vasculares e alterações nas veias, nas artérias, nos nervos, no sistema osteomuscular ou mesmo na pele. Por isso, acomete pessoas de qualquer idade e tanto as que praticam atividade física regularmente como as sedentárias.

No caso das doenças vasculares, geralmente é ocasionada por insuficiência venosa —o sangue se acumula nos vasos sanguíneos porque as veias não conseguem bombear o sangue em direção ao coração. A consequência é o surgimento de varizes.

“Grande parte desses pacientes tem varizes, que são veias aparentes, dilatadas, tortuosas, azuladas e esverdeadas que aparecem nos membros inferiores. A dificuldade do retorno venoso causa inchaço, sensação de perna pesada e uma piora progressiva”, explica Ziliane Caetano Lopes Martins, vice-secretária da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular).

Neste quadro, a dor é crônica e bilateral, e costuma aparecer no fim da tarde e nos dias mais quentes (o calor causa vasodilatação e prejudica a circulação). Uma forma de abrandar o incômodo é repousar com as pernas elevadas.

A trombose venosa profunda, que é um coágulo dentro da veia que causa obstrução da passagem do sangue, também pode causar dor na panturrilha. Trata-se de uma interrupção súbita do retorno venoso e inflamação local. Ao contrário do que acontece nos episódios de varizes, neste caso o quadro é agudo. A dor começa repentinamente, muitas vezes de forma unilateral e está associada a edema na perna, que fica endurecida.

Complicações na gravidez

Ainda do ponto de vista vascular, é comum sentir dor na panturrilha durante a gravidez. “A progesterona, que é um hormônio importantíssimo na gestação, é vasodilatadora. Por isso, pode causar uma piora dos sintomas. Além disso, com o avançar da gestação, pode haver compressão das veias dentro do abdome, dificuldade do retorno venoso e edemas nas pernas”, informa a cirurgiã vascular da SBACV.

Ziliane acrescenta a possibilidade de as gestantes apresentarem uma piora do quadro de varizes, com o aumento do surgimento de veias. Já a deficiência de minerais e vitaminas motiva a ocorrência de câimbras, diz ela, principalmente durante a atividade física. Se o sintoma for frequente, a recomendação é buscar uma avaliação médica.

Fator arterial

Já a dor de origem arterial acontece quando as artérias estão parcialmente entupidas. Provocada pelo depósito de gordura e outros elementos dentro dos vasos, tal obstrução gera mal suprimento de sangue para os músculos da panturrilha.

Nelson Wolosker, cirurgião vascular e endovascular do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), explica que a dor ocorre ao andar ou durante a prática de atividade física porque a região não recebe o oxigênio necessário para o aumento de fluxo pelas artérias. A sugestão é descansar antes de voltar a caminhar.

Porém, ficar sem se exercitar não é a solução, pois o sedentarismo piora a situação. “Nas doenças arteriais, ele aumenta o grau de obstrução. Dessa forma, menos sangue chega aos músculos da panturrilha, levando a dores mais intensas e que aparecem em distâncias de caminhada mais curtas”, afirma Wolosker.

Já nos quadros de varizes, estimula a atrofia dos músculos da batata da perna e, com isso, compromete o retorno do sangue. O que gera sintomas mais intensos e frequentes.

Se a doença arterial estiver em estágio avançado, uma dor intensa na panturrilha pode aparecer também em momentos de repouso. Nestes casos, os pés ficam frios, pálidos, azulados ou arroxeados.

Além da dor, a obstrução arterial ocasiona outros desconfortos. “Com o retorno venoso diminuído, o sangue fica estagnado na musculatura da panturrilha, causando inchaço. Se muito intenso, gera compressão de nervos das pernas, causando uma sensação de formigamento ou queimação”, revela Wolosker.

Celulite infecciosa

Causada por doenças bacterianas que entram na corrente sanguínea e se espalham pelo corpo, a celulite infecciosa (infecção do tecido celular subcutâneo da pele) é responsável por uma dor aguda na panturrilha, que fica avermelhada e inchada. Segundo os especialistas, é mais comum em pessoas obesas e que apresentam edema linfático e diabetes.

Vale ressaltar que este tipo de infecção nada tem a ver com a celulite comum, que é motivada pelo depósito de gordura sob a pele que provoca furinhos, principalmente nas coxas, quadris, nádegas e barriga.

Lesões musculares

Já na área da ortopedia, a distensão muscular ou perna de tenista provoca dor na panturrilha pelo esforço físico excessivo ou pela falta de preparo para a atividade. Outro motivo do desconforto é a tendinopatia.

“A doença do tendão é um processo inflamatório que pode ser agudo ou crônico, recente ou antigo, fazendo com que ele não funcione adequadamente e gere um processo doloroso”, conta Hireno Guará Sobrinho, chefe da residência médica em ortopedia do UDI Hospital (MA), da Rede D’Or São Luiz.

A síndrome da fricção plantar é outro fator motivador da dor na batata da perna, pois o músculo plantar delgado faz parte da panturrilha, assim como o gastrocnêmio e o sóleo.

Sobrinho ainda lista a síndrome da pedrada, conhecida como estiramento. “Está geralmente associada à ruptura do tendão de Aquiles, formado pelos músculos da panturrilha”, afirma o ortopedista.

A depender da causa e da intensidade do acometimento da lesão muscular, além da dor, outros sintomas frequentes são sensação de peso, dormência, vermelhidão e calor local.

Fatores de risco e prevenção

Os fatores de risco tanto de quadros venosos como arteriais são tabagismo, diabetes, obesidade, hipertensão, colesterol elevado, idade avançada, sedentarismo e histórico familiar.

Segundo os especialistas, as recomendações são manter a hidratação e uma alimentação equilibrada, com baixo consumo de gorduras, frituras, açúcares e bebidas alcoólicas. Vale ainda controlar o peso, a pressão arterial e o colesterol, além de praticar exercício físico regularmente e não fumar.

Utilizar meias de compressão, para aumentar o retorno venoso e diminuir dores e edemas nas pernas, e evitar longos períodos sem se movimentar (como no trabalho ou em viagens longas) são medidas preventivas aconselhadas. A compressa e o banho gelado também são indicados por ativarem a circulação.

Já para evitar lesões musculares e, consequentemente, dor na panturrilha, a dica é, além das citadas anteriormente, fazer alongamento e reforço muscular da região. Repouso, fisioterapia e o uso de medicamentos ajudam a reduzir o incômodo. O ideal é procurar atendimento médico para os corretos diagnóstico e tratamento, em todos os casos.

Fonte: UOL Viva Bem.

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