Olhando para a frente no Dia Mundial do Idoso

Pandemia deixa lições para que os mais velhos não sejam excluídos.

Impossível ignorar uma data como o Dia Mundial do Idoso, ou Dia Internacional da Pessoa Idosa, quando se escreve sobre longevidade. Fiz uma coluna pessimista em 2018 e, no ano seguinte, optei por uma linha mais otimista. Em 2020, diante de uma pandemia que sacudiu o planeta como um terremoto de alta magnitude na Escala Richter, prefiro encarar o 1º. de outubro como uma encruzilhada, na qual podemos seguir um caminho que nos levará a lutar por igualdade, ou nada fazer e desembocar num cenário desolador.

Casal idoso: pandemia acelerou mudanças que já estavam em curso. — Foto: Candid Shots para Pixabay

“A pandemia acelerou mudanças que já estavam em curso. Tornou mais claros os aspectos de nossa vida que são importantes e aqueles que têm que mudar. Uma das lições que deveríamos aprender é que a cultura do individualismo é danosa. Mostrou, principalmente, que a desigualdade está na origem dos problemas”, declarou Laura Carstensen, professora da Universidade de Stanford, num seminário on-line intitulado “Longevidade e a pandemia”, realizado no dia 17 de setembro com mais dois especialistas: Andrew Scott, da London Business School, e John Rowe, da Universidade de Columbia.

De acordo com Scott, embora essa tenha sido a primeira pandemia num planeta com mais gente acima dos 65 anos do que abaixo dos cinco, tal aspecto não foi levado em conta. Os painelistas concordaram que o mundo deveria olhar para Singapura como um exemplo a ser seguido, por ter conseguido que cidadãos de todas as faixas etárias fossem protegidos. O oncologista e hematologista John Wong, professor da principal universidade daquele país, fez uma breve participação e resumiu o fio condutor da política de saúde: “ninguém está seguro até que todos estejam seguros” (“No one is safe unless everyone is safe”).

No Dia Mundial do Idoso, temos que ter em mente que velhos não são os outros. Somos e seremos todos nós, pertencentes à espécie humana. No dia 16 de setembro, o escritor moçambicano Mia Couto, que também é biólogo, fez uma palestra no ciclo “Fronteiras do pensamento”. Num trecho que me encantou particularmente, usou uma abordagem de cientista para indicar por onde devemos seguir: “as pessoas acham que a seleção natural é um sinônimo da lei onde o mais forte vence. No entanto, as trocas simbióticas representam o mecanismo mais poderoso da seleção natural. Ou seja, é a solidariedade que leva à vitória de uma espécie”. É do que precisamos.

Fonte: G1.

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