Entenda por que o pré-diabetes não é uma pré-doença

Entenda por que o pré-diabetes não é uma pré-doença
Foto: Steve Buissinne via Pixabay
Foto: Steve Buissinne via Pixabay

Pré-diabetes é uma condição que merece nossa atenção! Esse diagnóstico pode ser uma janela de oportunidade para alertar e conscientizar as pessoas sobre a necessidade de adotar um estilo de vida mais saudável, bem como frear o surgimento de novos casos de diabetes.

Não se engane ao relacionar pré-diabetes a uma espécie de pré-doença. Talvez o termo “pré” induza ao erro e faça com que muita gente não dê a devida importância a esse diagnóstico. Apesar de ser uma condição silenciosa que antecede o diabetes, não é inofensiva e já pode trazer consequências negativas para a saúde.

Pessoas com pré-diabetes apresentam maior risco de desenvolver diabetes tipo 2. Um dos primeiros trabalhos a apontar o diagnóstico precoce de diabetes foi realizado em Harvard, cujos resultados indicavam que entre 5% e 10% das pessoas com pré-diabetes evoluiriam para o diabetes em 1 ano.

Posteriormente, outras pesquisas demonstraram que cerca de 25% dos pacientes com glicose alterada progrediriam para o diabetes nos próximos 3 a 5 anos.

Estima-se que essa condição afete cerca de 18,5% dos brasileiros, assintomáticos em sua grande maioria. Pré-diabetes ocorre quando os níveis de glicose (açúcar) no sangue são superiores ao normal, contudo, não são suficientemente elevados para serem classificados como diabetes, sendo um estágio intermediário entre a glicose normal e o diabetes tipo 2.

Para identificar o pré-diabetes é necessário analisar e confirmar laboratorialmente os níveis de açúcar no sangue, sendo considerados alterados os seguintes valores:

  • Glicemia em jejum: 100-125 mg/dL
  • Hemoglobina glicada: 5,7-6,4%
  • Curva glicêmica: 140-199 mg/dL

Diversos estudos apontam que as complicações associadas ao diabetes já podem ser identificadas mesmo na condição de pré-diabetes. Além disso, pessoas com pré-diabetes apresentam risco cardiovascular superior à população geral.

Considerando o risco de progressão para o diabetes, tratar prontamente o pré-diabetes é um caminho eficaz para evitar inúmeros casos de cegueira, doença renal com necessidade de diálise, amputações e problemas cardíacos no futuro.

A boa notícia é que o pré-diabetes é um problema reversível, desde que seja identificado precocemente e abordado corretamente. Um estudo emblemático na área, chamado de Diabetes Prevention Program (DPP), mostrou redução importante (58%) do risco de progressão para o diabetes tipo 2 em pacientes com pré-diabetes submetidos à perda de peso (>= 7% do peso inicial) e atividade física regular (>= 150 minutos/semana).

Recente estudo coreano que avaliou mortalidade em pacientes jovens (20-39 anos) com pré-diabetes identificou que aqueles que normalizaram os níveis de glicose e deixaram de ser pré-diabéticos apresentaram diminuição da mortalidade cardiovascular e mortalidade por todas as causas em 10 anos, quando comparados às pessoas que permaneceram com pré-diabetes.

Tudo isso só reforça que o pré-diabetes é um risco que não há como ser ignorado e subestimado. Independente da gravidade da alteração, deve ser conduzido de forma proativa como uma doença com potencial desfechos negativos, a fim de reduzir os danos associados ao aumento da glicose no sangue.

As medicações podem ser dispensadas quando ocorre adesão sustentada das intervenções comportamentais: quanto melhor o estilo de vida, maior a chance de reverter o pré-diabetes.

Fonte: UOL VivaBem por Fernanda Victor.

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