Cuide do diabetes; seu coração agradece!

Cuide do diabetes; seu coração agradece!
Foto: Tessa Robbins via Pixabay
Foto: Tessa Robbins via Pixabay

Este mês (dia 14) foi celebrado o Dia Mundial do Diabetes. A data foi criada pela IDF (International Diabetes Federation) em parceria com a OMS (Organização Mundial de Saúde), e tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doença e seu controle para evitar complicações.

Estima-se que aproximadamente 10% população adulta mundial (entre 20 e 79 anos) viva com esse diagnóstico, ou seja, um assombroso número de 463 milhões de pessoas, produzindo 4,2 milhões de mortes todos os anos.

No Brasil são 14 milhões de diabéticos adultos com 135 mil mortes anualmente pela doença e, segundo estimativas da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), entre 40% e 50% deles, não sabem que têm a doença.

No diabetes chamado de tipo 1, a deficiência da produção de insulina acredita-se que seja por um mecanismo chamado imunológico, onde a presença de auto-anticorpos destrói as células do pâncreas responsáveis por sua produção. Os pacientes que recebem esse diagnóstico, em sua maioria, são crianças e adolescentes.

Aqui tratamos do diabetes chamado tipo 2 (insulino independente) que contempla 90% dos casos, acomete adultos e guarda estreita relação com estilo de vida, apesar de também sofrer forte influencia genética.

O que a maioria desconhece também é que seu mau controle guarda estreita relação com complicações renais, cegueira e amputações de membros, mas 2 em cada 3 mortes dos diabéticos (66%) são de causa cardiovascular.

Tudo isso a ponto de os cardiologistas chamarem o diabetes de “equivalente coronário”, ou seja, o portador dessa doença possui o mesmo risco de ter infarto do miocárdio que um paciente que já teve anteriormente. Os pacientes diabéticos têm duas vezes mais possibilidades de ter doenças cardiovasculares.

Além de lesar a parede interna das artérias, o diabetes descompensado (ou se preferir, a diabetes pois é um substantivo que comporta os dois gêneros) é uma espécie de combustível tóxico para as doenças, pois potencializa outras condições de risco como a hipertensão e o colesterol elevado. Assim, afirma-se que um diabético mal compensado tenha reduzido sua expectativa de vida em quase 10 anos.

A importância de falar sobre isso reside nos resultados recorrentes de pesquisas mostrando a distorcida percepção dos portadores da doença como fator de risco muito menos impactante para o coração do que a pressão alta, o sedentarismo ou o cigarro. Mas a verdade é que menos de 10% dos pacientes diabéticos estabelecem essa relação.

Se tivessem recebido essa importante informação dos seus médicos, talvez reforçassem seus tratamentos, visto que as mesmas pesquisas ressaltam que mais de 30% das pessoas não mudam seu estilo de vida quando recebem o diagnóstico.

Mesmo as pessoas com diabetes que tiveram complicações como infarto e acidente vascular cerebral, apenas 63% passaram a se cuidar mais, 36% a fazer mais exercícios e 11% não fizeram nenhuma mudança no estilo de vida, segundo uma pesquisa da Veja Saúde publicada em agosto de 2019.

Não precisa ser assim

Você não precisa ter complicações dessa doença porque todas essas tristes estatísticas guardam uma enorme relação com o estilo de vida inadequado.

Apesar dos medicamentos terem evoluído para controle da glicemia (açúcar no sangue), terceirizar toda sua responsabilidade para eles, não tem resolvido o problema.

Se você está na estatística dos 60% dos brasileiros que estão com sobrepeso (IMC maior que 25) ou dos 25% já catalogados como obesos (IMC maior que 30) e/ou ainda tem o hábito do sedentarismo, como 55% dos brasileiros, espero que essas informações possam lhe ajudar a evitar complicações.

Um acúmulo de gordura na região abdominal diminui a eficiência dos receptores de insulina nas membranas das células, obrigando o organismo a produzir mais insulina, para compensar a disfunção desses receptores. Por isso se pode afirmar que para cada diabético existem pelo menos mais 3 pessoas em risco de adquirir a enfermidade.

Sintomas cardiológicos podem ser diferentes

Sim, no paciente diabético os sintomas do infarto podem ser diferentes ou até mesmo inexistirem. Isso porque pode já estar instalada a chamada neuropatia diabética produzida por lesão da inervação responsável pela sensibilidade.

Isso faz com que muitas vezes o infarto nesses pacientes possa ser confundido com hipoglicemias, que são as rotineiras quedas de açúcar no sangue.

Os sintomas comuns da queda do açúcar como suores frios, náuseas, palidez, tonturas e mal-estar geral podem ser de origem cardiológica, mesmo com ausência de dores no peito nos diabéticos, atrasando o atendimento rápido e produzindo maiores danos.

Em síntese, procure manter seus níveis de glicose no sangue o mais normal possível e faça exames cardiológicos com frequência, sem aguardar a presença de sintomas.

Este texto visa expandir a consciência dos portadores dessa enfermidade, porque é sim possível prevenir complicações, infelizmente, tão frequentes e muitas vezes por falta de informações, visto que mudança de hábitos e a conscientização jamais se separam.

Fonte: UOL Viva Bem por Dante Senra.

Deixe um comentário