Estresse, alimentação e genética: o que pode aumentar a pressão arterial?

Estresse, alimentação e genética: o que pode aumentar a pressão arterial?
Foto: frolicsomepl via Pixabay
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A hipertensão arterial se caracteriza pela elevação persistente da pressão que o sangue faz ao circular pelas artérias do corpo. Essa condição acontece quando as artérias oferecem algum tipo de resistência, caracterizando o quadro chamado popularmente de pressão alta.

É comum que a pressão varie ao longo do dia, mas, segundo especialistas ouvidos por VivaBem, o diagnóstico de hipertensão ocorre quando ela é maior ou igual a 14 por 9 na maior parte do tempo.

“O aumento da pressão arterial pode aumentar o risco de infarto, doença arterial coronariana, AVC e doenças renais crônicas. A hipertensão é responsável por metade das mortes por doenças cardiovasculares, cerca de 200 mil todos os anos”, alerta Nivaldo Filgueiras Filho, membro do Conselho Administrativo da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) representante da região Norte/Nordeste, professor da Unifacs (Universidade Salvador) e da Uneb (Universidade do Estado da Bahia) e vice-presidente da ABM (Associação Baiana de Medicina).

E o número de adultos com a doença não para de crescer. De acordo com uma análise liderada pelo Imperial College London e a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de adultos hipertensos na faixa etária entre 30 e 79 anos aumentou de 650 milhões para 1,28 bilhão nos últimos 30 anos.

A verdade é que essa doença silenciosa —cerca de 90% dos pacientes não sentem qualquer sintoma— está muito conectada com a nossa genética e o estilo de vida. Confira, abaixo, os principais fatores que podem aumentar a sua pressão arterial:

Familiares com hipertensão

Foto: Mahmoud Ahmed via Pixabay
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Um dos grandes fatores de risco da hipertensão é a carga genética. De acordo com Luiz Bortolotto, diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP) e presidente da SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão), quem tem parentes próximos com hipertensão, como pai, mãe e avós, tem 50% mais risco de ser hipertenso no futuro.

A hereditariedade, no entanto, não é uma sentença e, tampouco, acelera o aparecimento da doença. “Normalmente, a hipertensão acontece na fase mais adulta, após os 40 anos, pois é quando há uma tendência de enrijecimento dos vasos sanguíneos. Mas, se a pessoa já tiver a genética, e ainda tiver outros fatores ambientais/externos, como estresse e alimentação, aí essa chance aumenta ainda mais”, explica.

Muito além do sal de cozinha

Foto: mkupiec7 via Pixabay
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Ainda que o sal seja o alimento mais famoso associado a hipertensão e exista a recomendação de reduzir seu uso na hora do preparo das refeições, também é importante prestar atenção no “sal oculto”.

Alimentos industrializados, embutidos, ultraprocessados e enlatados, como refrigerantes, temperos, salgadinhos e biscoitos, têm uma quantidade muito maior de sódio do que a ingestão indicada.

“Desde os primórdios da história, as pessoas salgavam os alimentos para que eles durassem mais e hoje a indústria alimentícia também faz isso nos produtos industrializados, até mesmo em alimentos que não são salgados, como bolachas doces”, fala Bernardo Noya, cardiologista e chefe do pronto-socorro do HCor (SP).

Segundo Filho, o ideal é consumir 5 gramas de sódio ao dia, que equivale a uma colher rasa de chá. “Para se ter uma ideia, a dieta brasileira gira em torno de 11/12g ao dia. É uma taxa muito elevada”, afirma.

A combinação de excesso de sódio e baixa ingestão de potássio, mineral mais presente em frutas e verduras, também pode aumentar a pressão arterial.

“Os estudos mostram que a população indígena, por exemplo, não desenvolve hipertensão. E, para quem não problemas renais, também é recomendado substituir o sal comum pelo light, que possui potássio em sua composição”, afirma Bortolotto.

Estresse constante

Fonte: gpointstudio via Freepik
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Quando você é surpreendido por algum momento de estresse ou susto, pode reparar que sua pressão irá aumentar, mas, em alguns segundos, ela volta a se estabilizar. O problema é o estresse constante que, aí sim, traz prejuízos para a saúde.

“Tem muitas carreiras em que o profissional trabalha o tempo todo sob tensão e isso causa uma alteração no sistema nervoso, que passa a liberar substâncias que provocam o aumento da pressão arterial”, fala Bortolotto.

A dica, segundo Filho, é evitar ao máximo situações estressantes e apostar em atividades que tragam mais equilíbrio para o corpo e a mente, como ioga e meditação.

Sedentarismo

Foto: master1305 via Freepik
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Que fazer exercício físico traz benefícios para a saúde, todo mundo sabe! Mas, no caso da hipertensão, mexer o corpo ajuda a reduzir a atividade do sistema nervoso simpático, que é aquele que libera a adrenalina, e, ao mesmo tempo, também aumenta a capacidade dos vasos se dilatarem.

Portanto, com 30 minutos de caminhada cinco vezes por semana já é possível obter os benefícios da atividade para a saúde cardiovascular e afastar a hipertensão.

Obesidade e sobrepeso

Foto: rawpixel.com via Freepik
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O consumo de alimentos mais calóricos, independente da composição de sódio, também pode provocar impactos no aumento da pressão arterial, já que o sobrepeso e a obesidade comprometem as artérias, o que pode levar a hipertensão.

“Com a perda de peso, muitos pacientes, que às vezes tomavam até quatro medicamentos, voltam a controlar a pressão e muitas vezes até dispensam o uso do remédio”, afirma Filho.

Remédios

Foto: Pexels via Pixabay
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Alguns medicamentos, se consumidos em excesso, também podem elevar a pressão arterial, são eles: anabolizantes, anticoncepcionais com alta dosagem de estrogênio, anti-inflamatório, corticoides e descongestionantes nasais.

“Não é uma questão de evitar esses medicamentos, mas, sim, seus excessos e, mais importante, sempre usá-los de acordo com a orientação médica. Já nos pacientes hipertensos, normalmente, buscamos algumas alternativas para evitá-los”, fala o diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do InCor.

Excesso de álcool

Foto: Ralf Kunze via Pixabay
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O ato de fumar e as substâncias presentes no cigarro ativam receptores no organismo que faz com que a pressão arterial seja elevada imediatamente, o que não é positivo, especialmente para quem já tem hipertensão.

Mesmo para quem não foi diagnosticado com a doença, o melhor é evitar o cigarro, já que no longo prazo, segundo Noya, o cigarro contribui para remodelação dos vasos sanguíneos e formação de placas gordurosas nas artérias, fatores que também elevam a pressão arterial.

Ronco

Foto: jcomp via Freepik
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De acordo com o membro do Conselho Administrativo da SBC, também há evidências científicas que associam a apneia do sono, distúrbio que causa a parada momentânea da respiração ou respiração superficial durante o sono, resultando em roncos, com o aumento da pressão arterial.

“Essa alteração na oxigenação adequada durante o sono também pode estar associada a elevação da pressão arterial. Portanto, é muito importante que os pacientes façam os exames e possam seguir o tratamento adequado para garantir a ventilação necessária durante o sono”, diz Filho.

Meta: pressão 12 por 8

O diagnóstico da hipertensão, segundo Filho, pode ser feito pelo esfigmomanômetro, o aparelho que comprime o braço ao mesmo tempo em que o médico toca a artéria com o estetoscópio, bem como outros exames, como o Mapa (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial), que mede os níveis do paciente a de tempos em tempos, durante 24 horas.

“Para isso, recomendamos que a partir dos 18 anos as pessoas já busquem um clínico geral ou um cardiologista pelo menos uma vez ao ano para um check-up de rotina. Se o diagnóstico for confirmado, depois que controlamos a doença, as idas ao consultório não são tão frequentes”, explica o membro do Conselho Administrativo da SBC.

O tratamento vai depender da indicação do especialista, mas se resume em dois pilares: a mudança no estilo de vida, com a prática de atividade física e uma dieta balanceada, e o medicamentoso. “Há algumas dietas como a dash e a mediterrânea que tem dados muito interessantes, mas grande parte dos hipertensos precisa de medicação para controlar os níveis”, finaliza Filho.

O que importa é manter os exames em dia e uma rotina mais saudável e menos estressante para alcançar a meta: uma pressão 12 por 8.

Fonte: UOL VivaBem.

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